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Some good advices (2009)

Do dia que eu conheci um havaiano vizinho do Jack Johnson e passei uma tarde ouvindo histórias e bons conselhos

  • Quem somos nós pra julgar alguém? Cada um tem sua história e cada um só conhece a sua própria história.
  • Cada um tem algo a acrescentar na vida do outro, sempre. Mesmo que pequeno, é sempre conhecimento.
  • Read books.
  • Be healthy
  • Não tente mudar as pessoas.
  • Preste atenção nas pequenas coisas. Um elogio pode mudar a vida de alguém, de verdade.

Tropicália de novo!

Tenho estado aqui, andando devagarinho… Evitando todo esse ruído, todo esse movimento abrupto e descontrolado que acontece lá fora. Vivendo no meu próprio universo, saindo para visitar amigos queridos e voltando sempre ao final do dia para o meu próprio aconchego.

Hoje visitei, como sempre com um sorriso no rosto, a biblioteca do meu bairro. É sempre tão gostoso ter ao meu redor todos os livros da minha infância, todas as caras conhecidas dos antigos funcionários, aquela imensidão de autores me chamando, me esperando. Como podemos não utilizar tamanho presente, tantos outros universos e letras assim, de graça. Não sei, somos cada vez mais estranhos.

Tomei emprestado outra vez o livro Tropicália, do Carlos Calado. Que delícia de escrita. Voltei à Tropicália depois que trombei por acaso com a Nara Leão na Colombia. Como um desses chamados, como mais uma dessas mulheres encantadoras que me pegam pela mão e me mostram um caminho mais suave e feminino. Ao mesmo tempo, me mostram essa força, esse poder contestador em tempos difíceis. Nós vivemos tempos difíceis, agora, e não vejo essa junção de Caetanos, Bethânias, Naras, Gilbertos, Robertos, Joãos, Chicos. De Glaubers, Linas e Pierres, de Leilas e Hélios. Cade essas pessoas, que sentem muito, que entram muito dentro de si e depois cospem arte, protesto, qualquer coisa. Todo mundo sente e diz que sente. E só. As vezes caio naquela coisa de querer ter nascido em outra época, parecia mais divertido e mais honesto.

Tenho feito esse mergulho pra dentro da nossa própria cultura, do nosso próprio chamado. Como disse o Ronaldo Fraga em uma entrevista, o mundo está prestando atenção no que a gente veste, fala, come, escuta e cria. Estou tentando prestar atenção nisso e criar alguma coisa genuína também.

Nara Leão

Aqui estou eu, apaixonada pela suavidade da voz dessa mulher, que deixou o mundo tão cedo… Mas deixou a calma, a bossa do Rio, do violão, das tarde tranquilas com bons amigos e cerveja.

“Eu vejo a barra do dia surgindo pedindo pra gente cantar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tenho tanta alegria, adiada, abafada, quem dera gritar
Tô me guardando pra quando o carnaval chegar…”

Kundalini Yoga

Na minha última semana em Bogotá meu namorado me levou numa aula de yoga na escola que ele pratica. Desde que li o total mulherzinha feelings “Comer, Rezar e Amar”, senti muita curiosidade sobre a Kundalini e, aliado com o meu cotidiano e crescente interesse pela cultura e religião que vem dos lados de lá, foi a aula que escolhi pra fazer. Aí depois saiu esse texto e essa prática vem aumentando na minha vida.

Eu tenho dentro de mim um senhor que canta o mantra Kundalini. Ele está sentado embaixo de uma árvore, sozinho, cantando. A árvore está sozinha em um monte muito verde. Venta. O senhor que canta não tem cara e eu vejo através dos olhos dele. Ele canta sozinho, sem parar. No começo eu achei que era solidão, que ele estava cantando a sua tristeza.

Às vezes minha mente ia pra outro lugar e quando eu voltava ele ainda estava ali cantando e eu conseguia sentir o sorriso dentro do canto. Como um pai bondoso que está sempre esperando o filho voltar, ele estava ali cantando todo o tempo, esperando minha mente voltar. E estava tão sozinho e tão pleno. Descobri que a solidão pode ser só a máscara da total entrega e plenitude. Ele não estava sozinho, tinha o mundo inteiro. E está aqui dentro, eu posso voltar quando quiser. É só fechar os olhos e respirar que eu sinto ele cantando.

Amigo.

 

De volta!

Fevereiro chegou e eu também! Amo fevereiro… calor, restinho de verão, carnaval, meu aniversário, dia de Iemanjá, tanta coisa…

Esse mês ainda me traz um gostinho de novo… novos ciclos, agora sou arquiteta, agora sou mulher… será? =)

Estava de férias. Nadando por mares azuis, conhecendo pessoas incríveis e me maravilhando com as histórias delas, me emocionando de dentro pra fora. Amando e sendo amada. Muito. E de uma forma tão aconchegante e tão construtiva que todos os medos que eu tinha antes de ir se dissiparam. Mais que isso, deixei um pouco da  minha individualidade “ruim” pelo caminho, como quem joga as cinzas de um ente querido no mar. Joguei minhas cinzas desde o alto, lá do avião. Joguei um pedaço de mim que eu já não usava mais.

É bom saber que tenho um ano novinho em folha pra seguir nesse mergulho intenso dentro de muitas coisas. Esse movimento de expansão sobre minha própria pessoa, mantendo um ponto fixo só meu no centro. Meu próprio universo feito pelas minhas letras, meus ouvidos, meu gosto, minhas preferências, meus caminhos. É fascinante ter uma estrada novinha pra percorrer.

Me sinto livre, livre. Uma página em branco, esperando por cores, letras, imagens, o que for.

E já tenho muitos posts pensados! Bem vindo de volta!

(pra mim essa é a última semana do ano…então é o post final, até 2012.)

Chovia muito e a gente olhava pela varanda, em silêncio, tranquilas. Seu tricô, meu eterno diário no colo, cada uma imersa em seus pensamentos. Tantas dúvidas naquela cabeça adolescente e uma amizade sincera que ia crescendo. Ao dividir minha primeira tristeza amorosa ouvi como conselho: a vida tem a cor que você pinta, filha. A tristeza foi, o amor também, outros vieram  e foram e você também foi. Fiquei aqui, olhando a chuva, em silêncio, não mais tão tranquila e mais sozinha. You can never hold back spring.

Terminou. O ano, a faculdade, o ciclo. O nosso sonho, a gente realizou. O último momento do “nós quatro”, os infalíveis, os imbatíveis. Todos fizemos nossa parte, eu acabei de terminar a minha. Eu sinto vontade de chorar, eu sinto vontade de voltar, eu sinto falta dos nossos domingos. Eu sou a outra metade sozinha.

Mas a vida tem a cor que a gente pinta. Por isso eu olho com tanto orgulho, você só pode se orgulhar do que você conquista. Por isso me orgulho da minha força e da coragem que vocês me deram. Seja você por inteiro, vocês me diziam. E isso fez todo o sentido do mundo ao me ver 100% entregue a tudo o que fiz esse ano. Conte com você e com a sua irmã. Isso também fez todo o sentido ao me ver com os dedos sangrando de tanto esmurrar portas fechadas e, ao chegar em casa, ter tantas portas abertas pra mim.

Pra que ser um peixe no aquário se você gosta de água salgada? São tantas frases clichês que ouvi de vocês. Mas todas elas me fazem sorrir. A vida é simples, eu sei disso. As vezes eu tento me enquadrar em certas coisas pra ser legal, mas eu sempre me senti mais feliz lendo meus livros em casa. Eu me sinto voltando a infância, retomando meus próprios valores, talvez eu tenha sido uma criança estranha. Eu reproduzia meus livros favoritos em milhões de cadernos pela casa. Eu fazia barcos gigantes de papel e ali dentro passávamos o final de semana. Eu escrevi um livro com 13 anos. Eu construía casas para as formigas. O meu mundo era povoado de seres, de sorrisos e de elogios. Vocês me elogiavam muito. E são nesses elogios que eu ainda me sustento quando me percebo cada vez mais nessa patrulha onde todo mundo se cutuca e ninguém se elogia. De verdade, olhando nos olhos.

Eu fazia acampamento no quintal e só saía da floresta quando o almoço estava pronto. Eu dançava no espelho. A felicidade cabe num potinho de água com giz.

Por isso não me pergunte porque estou longe. Porque cansei. Falta humanidade pros homens. Se todos nós déssemos energia, ninguém se sentiria exausto sem as suas no fim do dia. Todos teríamos disposição pra pintar a própria vida. Li que cada um possui um terreno nessa vida, todos do mesmo tamanho e qualidade de terra. Uns plantam flores, outros deixam o mato crescer. E outros, ainda pior, jogam sal.

Talvez eu tenha feito meu próprio caminho por aqui mesmo. Ontem a Helena me disse: claramente seu mundo cresceu. Por isso eu preciso de raízes, de ar, de terra molhada. Preciso mais de rios que de mar. Pensei que fosse por causa da margem, mas não. Minha alma está tão livre que eu poderia sair voando, eu me sinto quase voando.

Não tem nada de esotérico, de místico. Mas eu senti esse chamado. Vocação, vida, energia? Não sei. Mas alguma coisa me puxa de uma forma tão forte, que tenho medo de sair voando e não voltar. Mas pensando bem, voltar pra quê? Pro sim e não? Pro isso ou aquilo? Pro feliz e triste? Pro branco e preto? Existem tantas nuances, sinto que tenho milhões de arco-íris de cores diferentes pra usar. Eu vejo o brilho de diamantes em vidros velhos de esmaltes.

Uma lição de abismo

Eu poderia escrever sobre toda dor. Sobre meu pai. Sobre tudo que eu senti nesses 3 dias e o quanto tudo me mostrou o quanto estou machucada. Eu poderia escrever sobre o cansaço, sobre tudo que anda me fazendo mal. Sobre os amigos que me machucam, sobre eu me machucar por minhas atitudes automáticas. Sobre como minhas botas estão pesadas.

Mas eu paro, e sinto vontade de chorar, sinto vontade de ler o livro a tarde toda encostada em uma árvore, e eu sinto vontade de escrever sobre o potinho com azeite que minha mãe colocou na minha marmita porque ela não queria poder estragar a salada caso eu não comesse hoje. Sinto vontade de escrever sobre como minha mãe é linda.

Sinto vontade de escrever sobre o telefonema que eu recebi e me fez sentir tão querida, e sobre ouvir como um amigo está bem e sobre ele me dar conselhos completamente vindos do coração.

Sinto vontade de escrever sobre poder pegar o telefone e pedir ajuda, e me sentir tão feliz de poder contar com alguém que eu pude até dar risada de verdade e ter uma das melhores lembranças em um dos piores dias.

Sinto vontade de escrever sobre o quanto eu e minha irmã temos uma relação linda e honesta, o quanto amo ela e o quanto me sinto bem e forte por saber que ela existe na minha vida.

Sinto vontade de escrever sobre esse livro, sobre os personagens, como eles chegam tão fundo no meu coração, como eles são uma parte de mim e como eu me deixo, de maneira natural, misturar com todas as histórias e sentimentos.

Sinto vontade de escrever sobre como eu tenho me amado e respeitado, como eu tenho olhado pra mim com cuidado e carinho. Como eu estou caminhando de olhos abertos pra dentro de mim.

Asas

"nascimento de uma alma é coisa demorada"

É como se até muito pouco tempo atrás eu olhasse aquele pássaro lá longe. Hoje, eu sou ele.

Ontem na rua eu estava pensando em composições. Sim, justo eu que achava ser impossível criar uma cena! Me senti vencendo uma fase no videogame. Enfim. Chega uma hora que a gente pensa: meus pensamentos sentimentos estão aqui, gritando, pedindo pra sair, implorando por ar fresco. Não dá mais pra simplesmente deixar a porta aberta de forma descuidada, com uma frestinha de luz aparecendo. As fotos “sem querer” não estão me satisfazendo mais… Por isso comprei um caderno e comecei a anotar imagens e fazer pequenos rascunhos. Aguardem!

não poderíamos dizer também que nossa capacidade de criar é uma prova de que fomos criados à imagem e semelhança de Deus?” Andrei Tarkovski

Explosão pra dentro

Tem dias que eu te sinto tão perto, mas tão perto, que me bastaria pegar o telefone, te contar qualquer besteira que me passou pela cabeça e te pedir pra fazer bife acebolado no jantar. Aí me vem uma dor do tipo que suga tudo o que o meu coração tem por dentro, até deixar o mais completo vazio e a solidão tão típica desses momentos. Um terreno devastado e sozinho.  É quando eu percebo que nunca mais poderei fazer isso na vida.